Política
Margareth Menezes cumpre agenda na África do Sul e reforça laços entre cultura, memória e diplomacia
Às vésperas do G20, ministra visita o Museu do Apartheid e discute cooperação cultural entre Brasil e países do Sul Global
Às vésperas da Reunião Ministerial de Cultura do G20, marcada para o dia 29 de outubro em Durban, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, cumpre uma série de compromissos oficiais na África do Sul, com foco em cultura, memória e diplomacia cultural.
A agenda teve início no último domingo (26), em Joanesburgo, e reforça o papel estratégico do Brasil na cooperação Sul-Sul, especialmente num momento em que o país se consolida como referência global na articulação de políticas culturais. A missão ocorre às vésperas do Novembro Negro, mês da Consciência Negra no Brasil, e carrega simbolismos históricos e afetivos sobre a ancestralidade compartilhada entre os dois países.
A primeira parada da ministra foi no Museu do Apartheid, um dos espaços mais emblemáticos da África do Sul, onde se encontrou com o ator e fundador da instituição, John Kani, um dos nomes mais respeitados da cultura e do teatro africano contemporâneo.
Durante a visita, Margareth destacou o poder da cultura como ferramenta de transformação social e reconciliação nacional. As conversas com representantes do museu serviram de base para reflexões sobre a criação do Museu da Democracia no Brasil, projeto em desenvolvimento que pretende ampliar o diálogo entre memória, diversidade e cidadania.
A ministra também ressaltou o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial. O local, que foi o principal porto de chegada de africanos escravizados ao Brasil, recebeu recentemente um investimento de R$ 86,2 milhões para requalificação do edifício Docas André Rebouças, e deve se tornar um dos maiores centros de memória negra do país.
“A gente está tratando de um país que é um gigante, ainda inexplorado em relação à sua totalidade de riquezas”, afirmou Margareth Menezes, reforçando a importância de fortalecer pontes culturais com o continente africano.
Na segunda-feira (27), Margareth se reuniu com o embaixador do Brasil na África do Sul, Benedicto Fonseca Filho, para discutir o avanço das políticas culturais brasileiras no cenário internacional. A ministra apresentou resultados de programas estruturantes e tratou de novas parcerias com a Embaixada do Brasil, voltadas à valorização da cultura afro-brasileira e ao fortalecimento das trocas com países do Sul Global.
O Brasil participa do G20 Cultural como parte da “Troika”, grupo formado pela atual presidência da África do Sul, pela anterior, Brasil, e pela próxima, Estados Unidos. Essa posição estratégica permite que o país siga influenciando as pautas da agenda cultural global, com ênfase em diversidade, inclusão e sustentabilidade.
Durante a reunião ministerial, estão previstas reuniões bilaterais e a assinatura de Memorandos de Entendimento em Matéria Cultural com Angola e África do Sul, fortalecendo ainda mais os laços históricos e diplomáticos entre as nações.
A presidência sul-africana do G20, guiada pelo lema “Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade”, inspirado no conceito africano de Ubuntu, dá continuidade às metas estabelecidas durante a presidência brasileira em 2024, quando o país lançou o G20 Social e colocou a cultura no centro da agenda do desenvolvimento humano.
