7 de dezembro de 2025

Política

Brasília recebe a 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras com foco em reparação histórica

Mobilização reuniu mulheres de todo o país, marcando dez anos da primeira marcha e reafirmando a centralidade das mulheres negras na política brasileira

Redação Africanize | 25/11/2025
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Crédito: Dino Santos/CUT

Brasília amanheceu tomada por cantos, tambores, cartazes, turbantes e pela força coletiva de milhares de mulheres negras que chegaram à capital federal nesta terça-feira (25) para a 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras. Com o tema “Por Reparação e Bem Viver”, a mobilização percorreu a Esplanada dos Ministérios e consolidou um dos atos políticos mais significativos do ano, reunindo caravanas de todos os estados e reafirmando o protagonismo das mulheres negras na luta por justiça, dignidade e transformação social.

A marcha começou por volta das 10h30 com uma cerimônia de abertura em frente ao Museu Nacional, seguida por cortejo, apresentações artísticas, discursos e manifestações que conectaram espiritualidade, política, educação, saúde e direitos humanos. Em alguns registros, organizações apontam presença de centenas de milhares de mulheres, fazendo desta edição uma das maiores mobilizações já realizadas pelo movimento.

Reparação como política de futuro

As pautas centrais da marcha ressoaram com força:

  • reparação econômica e histórica como resposta ao legado de desigualdades estruturais;
  • defesa do Bem Viver, conceito que coloca a vida digna, saudável e plena no centro das políticas públicas;
  • garantia de direitos básicos, como moradia, educação, saúde e segurança;
  • combate ao racismo, ao sexismo e às múltiplas violências que atingem mulheres negras em todas as regiões do país.

Em discurso, integrantes da coordenação nacional destacaram que a marcha “não é só um ato, é um projeto de país”. A dimensão política da mobilização reforça a urgência de colocar mulheres negras no centro das decisões públicas, e não apenas nos diagnósticos dos problemas.

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Dez anos depois, uma nova onda de mobilização

A primeira Marcha Nacional das Mulheres Negras, em 2015, reuniu mais de 100 mil pessoas em Brasília e inaugurou um novo ciclo de articulação nacional. Uma década depois, esta edição marca a retomada da agenda de maneira ainda mais ampla, com forte presença de jovens, movimentos LGBTQIAPN+, coletivos periféricos, mulheres quilombolas, indígenas e PCDs.

O encontro também contou com a presença de organizações de saúde, educação, cultura e direitos humanos. O Conselho Nacional de Saúde ressaltou a presença estratégica das mulheres negras na formulação de políticas públicas e no combate às desigualdades.

A marcha não se limitou aos discursos. Toda a Esplanada virou espaço de celebração e afirmação de identidades negras. Houve rodas de capoeira, tambores, performances, exposições, feira de empreendedoras e ações de cuidado coletivo.

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Pela diversidade cultural expressa nas danças, cantos e vestimentas, a marcha também reafirmou o papel da arte como tecnologia de resistência e comunicação política.

Em um país onde mulheres negras seguem sendo vítimas das maiores taxas de violência, ganham os menores salários e acumulam responsabilidades historicamente ignoradas pelo Estado, a marcha reafirma que não há democracia plena sem a centralidade dessas mulheres nas decisões do presente e do futuro.

A 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras é, acima de tudo, um lembrete poderoso:
mulheres negras não estão apenas pedindo mudanças, elas estão construindo os caminhos para que elas aconteçam.

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Redação Africanize