Política
Lula na ONU: Brasil defende soberania, justiça climática e anuncia a “COP da verdade” em Belém
Em discurso na 80ª Assembleia Geral, presidente reforça protagonismo do país no debate ambiental e critica unilateralismo das potências

Na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso que combinou crítica política, defesa da soberania dos povos e compromisso climático. Diante de líderes globais, Lula afirmou que o mundo precisa de um sistema internacional mais justo, onde a autodeterminação de cada país seja respeitada e não submetida a sanções unilaterais impostas por grandes potências.
O presidente destacou que o multilateralismo está em crise, mas insistiu que apenas por meio da cooperação entre nações será possível enfrentar os principais desafios globais. “Não aceitaremos que países sejam tutelados”, disse, ressaltando que a paz e o desenvolvimento só podem nascer do respeito à soberania.
Ao tratar da agenda ambiental, Lula afirmou que o Brasil conseguiu reduzir o desmatamento da Amazônia pela metade nos últimos dois anos, mas lembrou que preservar a floresta exige também políticas sociais e desenvolvimento sustentável para as populações locais.

Ele fez um alerta sobre a necessidade de uma transição energética limpa que não reproduza modelos predatórios, especialmente no uso de minerais críticos, e defendeu que os países mais ricos cumpram suas promessas de financiamento climático. “Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática”, afirmou.
COP30 em Belém: “a COP da verdade”
O presidente reforçou que o Brasil terá papel central no debate climático ao sediar a COP30 em Belém, no Pará, em 2025. Para ele, o evento será um divisor de águas:
“Em Belém, o mundo vai conhecer a realidade da Amazônia. Essa será a COP da verdade, onde os líderes terão de provar a seriedade de seus compromissos com o planeta.”
Além da pauta climática, Lula abordou desigualdades econômicas, pedindo reformas no sistema multilateral, alívio da dívida externa de países pobres e mais espaço para o Sul Global nas decisões internacionais. O tom do discurso reforçou a tentativa do Brasil de se consolidar como mediador entre diferentes blocos políticos, ao mesmo tempo em que cobra responsabilidades históricas das grandes economias.
Com isso, o Brasil emerge novamente como protagonista nos debates internacionais, seja na defesa da Amazônia, no chamado à cooperação global ou no anúncio de uma COP que promete colocar a floresta no centro das atenções do planeta.