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Tanzânia vive crise após reeleição de Samia Suluhu Hassan e protestos com centenas de mortos, segundo oposição
Com mais de 700 mortos, o país enfrenta denúncias de fraude e uso excessivo da força após o pleito presidencial.
 Após Samia Suluhu Hassan ser declarada vencedora das eleições presidenciais com 97,66% dos votos, a Tanzânia mergulhou em uma onda de protestos e violência política que já é considerada uma das mais graves das últimas décadas.
Segundo o partido de oposição Chama Cha Demokrasia na Maendeleo (CHADEMA), cerca de 700 pessoas foram mortas em confrontos com as forças de segurança desde a última quarta-feira (29), quando o resultado do pleito foi anunciado. As manifestações se espalharam por cidades como Dar es Salaam, Mwanza e Dodoma, e foram marcadas por forte repressão policial.
Os manifestantes contestam o resultado das urnas, alegando fraudes, censura, exclusão de candidatos opositores e bloqueios de internet durante o processo eleitoral.
“As mortes passam de 700 em todo o país. Centenas em Dar es Salaam, mais de duzentas em Mwanza”, afirmou um porta-voz do CHADEMA.
O governo da presidente Samia Suluhu Hassan nega os números divulgados pela oposição e afirma que as estatísticas são “massivamente exageradas”. Em nota oficial, o gabinete presidencial declarou que os protestos estão sendo “controlados dentro da legalidade”.
A ONU, por sua vez, confirmou ter recebido relatos credíveis de pelo menos dez mortes e cobrou uma investigação independente e transparente sobre os confrontos.
Nas redes sociais, vídeos mostram militares patrulhando ruas, civis feridos e o uso de bombas de gás contra manifestantes. Oposicionistas denunciam o uso excessivo da força e afirmam que o país vive “um processo eleitoral sem transparência e sem adversários reais”.
Reconhecida por anos como uma das nações mais estáveis da África Oriental, a Tanzânia enfrenta agora um abalo profundo em sua imagem democrática. O contraste entre o discurso oficial e os relatos locais expõe o tamanho da crise política e humanitária que se desenha.
“Sem verdade, não há reconciliação possível”, declarou um líder comunitário à imprensa internacional.


 
 

