5 de novembro de 2025

Saúde

SOP e endometriose: doenças que afetam milhões de mulheres e ainda são ignoradas

Caso de Lori Harvey expõe realidade de diagnósticos tardios e reforça importância de informação e acolhimento

Cibele Almeida | 23/09/2025
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Reprodução: Shutterstock

Em uma entrevista recente, a modelo e empresária Lori Harvey revelou ter sido diagnosticada com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e endometriose depois de anos de sintomas ignorados. Ela contou que, desde a adolescência, enfrentava dores intensas, alterações hormonais e oscilações de peso, mas ouvia repetidamente de médicos que “estava tudo bem”. “Me senti manipulada, como se não conhecesse meu próprio corpo”, disse Lori.

O relato dela ecoa uma realidade comum também entre mulheres brasileiras. Estima-se que a SOP atinja cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, enquanto a endometriose afeta aproximadamente 190 milhões de pessoas em todo o mundo, e 7 milhões de brasileiras, frequentemente causando dor crônica. Segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Apesar da alta incidência, ambas as doenças costumam levar anos para serem diagnosticadas, muitas vezes porque sintomas como cólicas fortes, irregularidades menstruais e alterações de pele ou peso são minimizados no atendimento médico.

O que é a SOP?

A Síndrome dos Ovários Policísticos é um distúrbio hormonal que pode provocar menstruação irregular, dificuldade para engravidar, acne, queda de cabelo e resistência à insulina. Além do impacto reprodutivo, aumenta os riscos de diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares.

O que é a endometriose?

Já a endometriose acontece quando o tecido semelhante ao endométrio, que reveste o útero, cresce fora dele, causando dores pélvicas intensas, sangramentos anormais e, em muitos casos, infertilidade. O diagnóstico costuma ser tardio: estudos mostram que pode levar até 10 anos para ser confirmado.

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Por que falar sobre isso importa?

A fala de Lori Harvey ajuda a jogar luz sobre um problema sistêmico: a tendência de normalizar ou subestimar dores femininas. No Brasil, muitas mulheres relatam sair de consultas sem respostas ou com recomendações superficiais, o que atrasa o início de tratamentos adequados.

Especialistas reforçam que procurar ginecologistas, insistir em exames e compartilhar informações sobre os sintomas com clareza são passos fundamentais para acelerar o diagnóstico. Quanto mais cedo essas condições forem identificadas, maiores as chances de controle e qualidade de vida.

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Cibele Almeida