6 de novembro de 2025

Saúde

No Quênia, picadas de abelha ganham espaço como tratamento alternativo para doenças crônicas

Conhecida como apiterapia, a técnica une saberes tradicionais e pesquisas científicas em busca de novos caminhos para o cuidado e a cura

Cibele Almeida | 06/11/2025
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No interior do Quênia, o zumbido das abelhas deixou de ser apenas o som da natureza para se tornar parte de uma prática terapêutica que está chamando atenção do mundo. Conhecida como apiterapia, a técnica utiliza picadas de abelha para tratar dores crônicas, artrite e até sequelas de AVC.

O tratamento, que combina tradição e ciência, vem sendo aplicado em regiões como Murang’a, onde comunidades rurais recorrem às abelhas como alternativa para aliviar sintomas que resistem à medicina convencional. A terapia consiste em estimular o inseto a picar o paciente em pontos específicos do corpo, de forma controlada.

Pesquisas conduzidas pelo International Centre of Insect Physiology and Ecology (ICIPE), em Nairóbi, indicam que o veneno das abelhas contém melittina, substância com propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e potencialmente antitumorais. Acredita-se que ela ajude a reduzir inflamações, ativar nervos e estimular o sistema imunológico.

Embora os relatos sejam positivos, muitos pacientes afirmam sentir melhora significativa após poucas sessões, especialistas pedem cautela. Ainda faltam estudos clínicos robustos que comprovem a eficácia da apiterapia e seus possíveis riscos, especialmente em pessoas alérgicas ao veneno de abelha.

Além de seu aspecto medicinal, a prática também reacende o debate sobre a valorização dos saberes tradicionais africanos e o papel da natureza na cura. No Quênia, a apicultura já faz parte da rotina de muitas comunidades, e o uso terapêutico das abelhas reforça uma relação ancestral de respeito e reciprocidade com o meio ambiente.

A apiterapia pode ainda representar uma alternativa acessível em regiões com pouco acesso a recursos médicos, ampliando a discussão sobre saúde integrativa, conhecimento ancestral e autonomia dos povos africanos em definir seus próprios caminhos de cuidado.

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Cibele Almeida