5 de junho de 2025

Música

Djonga se posiciona contra PLs que atacam o funk e o rap em BH; entenda

Audiência pública reúne mais de 300 pessoas na Câmara de Vereadores para denunciar o racismo por trás das propostas

• 29/05/2025
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Foto: Rafaella Ribeiro/CMBH

A Câmara Municipal de Belo Horizonte foi palco de uma audiência pública lotada nesta terça-feira (27), com mais de 300 pessoas presentes para debater o impacto de projetos de lei que buscam criminalizar manifestações culturais periféricas. O rapper Djonga, mineiro e uma das vozes mais potentes do país, esteve entre os convidados e foi direto: “Isso não tem a ver com o funk ou com o rap. Tem a ver com racismo”.

A discussão ocorreu na Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor, e girou em torno dos PLs 25/2025, do vereador Vile Santos (PL), e 89/2025, da vereadora Flávia Borja (PP). Ambos buscam censurar músicas e artistas com base em critérios subjetivos, como “apologia ao crime” e “conteúdo vulgar”, e chegam a proibir explicitamente o funk em ambientes escolares.

Foto: Rafaella Ribeiro/CMBH

Djonga destacou que esse tipo de repressão já acontece há anos e denunciou o uso seletivo da força policial: “É no mínimo coincidência que a polícia tenha invadido o show dos Racionais na Virada Cultural e quebrado tudo. É coincidência que já tenha acontecido no Duelo de MCs. Por que isso não acontece em outros shows?”

A audiência também contou com nomes como MC Perré, DJ WS da Igrejinha, a coreógrafa Negona Dance, além de representantes dos coletivos Família de Rua, Nação Hip-Hop, Fórum do Hip-Hop e Fórum das Juventudes. Participaram ainda membros do Ministério Público de Minas Gerais, da Defensoria Pública, da Belotur e da Secretaria Municipal de Cultura.

As falas reforçaram o entendimento de que tais projetos não apenas atacam gêneros musicais específicos, mas tentam silenciar expressões legítimas da juventude negra e periférica. Ao rotular manifestações culturais como ameaça, a política pública se alia ao racismo estrutural para barrar vozes que, cada vez mais, ocupam o centro do debate nacional.

Agora, a mobilização segue nas ruas e nas redes. Como afirmou Djonga, “ter que explicar que funk e rap são cultura é chover no molhado. Mas a gente vai seguir falando, até que ninguém mais se atreva a censurar nossa arte.”

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