7 de dezembro de 2025

Beleza

De fibra de bananeira a inovação em beleza: a história de Marilza, a empreendedora que criou cabelo vegetal no quintal de casa

A história de uma mulher que transformou curiosidade em tecnologia social

Redação Africanize | 27/11/2025
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Reprodução: Marcos Maluf/@campograndenews

O que parecia apenas um dia comum no quintal virou uma das histórias mais surpreendentes da beleza brasileira recente. Moradora do bairro Lagoa Park, em Campo Grande (MS), Marilza Eleoterio de Barcelos Silva descobriu, quase sem querer, que a fibra da bananeira poderia virar… cabelo. Um acidente doméstico que se tornou inovação, ferramenta de autonomia e símbolo da inteligência criativa que brota da periferia.

A descoberta aconteceu quando Marilza tentava cortar o tronco de uma bananeira usando uma faca sem ponta. O corte torto fez a planta soltar fibras longas, firmes e com textura curiosa. Cabeleireira por vocação e atenta aos materiais, ela resolveu experimentar: lavou, tratou, separou e penteou os fios. O resultado, inesperado, funcionou tão bem que abriu uma porta que nem ela imaginava atravessar.

No início, o processo era totalmente artesanal. Para produzir 100 gramas de cabelo vegetal, Marilza raspava a casca da bananeira com uma colher, fio por fio, em um trabalho que tomava o dia inteiro. A limitação não desanimou, virou desafio. Com criatividade e insistência, ela desenvolveu uma máquina artesanal que acelerou a extração das fibras.

Em 2018, nascia oficialmente a marca Meus Cabelos, Meus Fios, especializada em apliques e perucas feitas a partir da fibra de bananeira. O produto é biodegradável, acessível, leve, reutilizável, de manutenção simples e, sobretudo, pensado para atender uma demanda histórica: a falta de opções de qualidade para quem tem cabelos crespos e cacheados.

O impacto da invenção chamou atenção do ecossistema de bioeconomia do Cerrado. Marilza foi selecionada pelo programa Inova Cerrado, do Sebrae/MS, onde recebeu apoio técnico e financeiro para aprimorar acabamento, desenvolver novas técnicas de hidratação das fibras e projetar expansão para outros estados e, no futuro, para mercados internacionais.

Marilza criou um símbolo potente. Transformar uma planta comum, muitas vezes descartada, em solução real para mulheres negras é atravessar fronteiras entre ancestralidade, ciência, autonomia e sustentabilidade.

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Redação Africanize