6 de dezembro de 2025

Esportes

CBF anuncia pacote histórico de apoio a mães atletas e oficializa profissionalização total do futebol feminino

Medidas incluem contratos profissionalizados para todas as jogadoras e cobertura de custos para atletas lactantes

Redação Africanize | 27/11/2025
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Reprodução: @lucasuebel | @jessicamaldonadob

A CBF anunciou um conjunto de mudanças estruturais que promete transformar profundamente o futebol feminino no país. Entre elas estão o apoio inédito a mães atletas e a oficialização de que, a partir da próxima temporada, todas as jogadoras terão contratos profissionais, sem exceção. As medidas fazem parte de um projeto mais amplo de modernização da modalidade, e marcam uma resposta concreta às demandas históricas das próprias atletas.

O anúncio chega num momento estratégico: o Brasil se prepara para sediar a Copa do Mundo Feminina de 2027, e a entidade busca acelerar a construção de uma base sólida, competitiva e sustentável.

Entre as novas diretrizes confirmadas pela CBF estão:

Profissionalização integral

A partir de 2026, todos os clubes que participam das principais competições femininas organizadas pela CBF serão obrigados a manter contratos profissionais formais com suas jogadoras. Isso inclui salário, direitos trabalhistas, seguro e estrutura mínima de trabalho. A medida elimina vínculos amadores e precarizados, comuns até hoje, especialmente em clubes de menor porte.

Apoio financeiro a mães atletas

Outra novidade é a cobertura de viagens, hospedagem e logística para que atletas lactantes possam viajar com seus filhos em compromissos oficiais. A CBF assume esses custos, garantindo que jogadoras que amamentam possam seguir em atividade sem precisar escolher entre maternidade e carreira esportiva.

A proposta dialoga diretamente com desafios enfrentados por diversas atletas ao longo da história: gravidez como interrupção forçada da carreira, falta de apoio estrutural e a ideia de que maternidade é incompatível com alto rendimento esportivo. A nova política aponta na direção contrária, reconhece a maternidade como parte legítima da vida de uma atleta profissional.

Calendário mais amplo e estruturado

A entidade também divulgou um calendário 2026 reformulado, com mais jogos, competições, transmissões e clubes envolvidos. A expansão busca ampliar a visibilidade da modalidade, fortalecer categorias de base e criar uma temporada mais longa e competitiva, evitando os conhecidos “vazios” de calendário que sempre prejudicaram a evolução das atletas.

Uma mudança com impacto dentro e fora de campo

O pacote de medidas tem potencial para reorganizar o ecossistema do futebol feminino brasileiro em diferentes frentes:

  • No esporte: mais estabilidade financeira, respeito ao trabalho e condições de desenvolvimento.
  • Na cultura esportiva: rompe com o imaginário de que mulheres atletas são “menos profissionais” ou devem se adaptar a estruturas que nunca foram pensadas para elas.
  • Na sociedade: reforça a importância de políticas que reconheçam maternidade, cuidado e autonomia feminina como direitos, e não obstáculos.
  • Na formação de base: mais clubes profissionalizados significam oportunidades reais para jovens garotas que sonham em ser jogadoras.

Por que esse anúncio importa

Durante décadas, atletas brasileiras tiveram que lidar com falta de contratos, salários baixíssimos, ausência de estrutura médica, logística precária e abandono em casos de gravidez. Muitas deixaram o esporte cedo por falta de apoio. Outras, mesmo talentosas, não conseguiram viver apenas do futebol.

As medidas da CBF não resolvem todos os problemas, mas representam um avanço real e concreto: garantem dignidade, ampliam direitos e começam a aproximar o futebol feminino do patamar que suas atletas já merecem há muito tempo.

Com a Copa do Mundo Feminina de 2027 no horizonte, o país vive um momento decisivo. E, pela primeira vez, o projeto esportivo, social e institucional parece apontar para o mesmo lugar: um futuro em que mulheres atletas têm estrutura, respeito e condições para jogar, crescer e permanecer no esporte.

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Redação Africanize