22 de outubro de 2025

África

Ataques a comunidades cristãs na Nigéria deixam mais de 7 mil cristãos assassinados em 2025

Mortes se concentram em regiões rurais da Nigéria, onde os cristãos são alvo de milícias fulanis e facções jihadistas.

• 08/10/2025
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Reprodução: International Christian Concern

A Nigéria vive um dos períodos mais violentos de sua história recente. Segundo um relatório divulgado pela International Society for Civil Liberties and Rule of Law (Intersociety), mais de 7.000 cristãos foram mortos entre janeiro e agosto de 2025 em ataques motivados por perseguição religiosa, conflitos agrários e disputas territoriais.

Os dados, divulgados por organizações como a Mission Network News e a Persecution International, mostram que a violência é generalizada e sistemática. Em diversas regiões, especialmente no “Cinturão Central”, que abrange estados como Benue, Plateau e Nasarawa, vilarejos inteiros foram destruídos, famílias dizimadas e milhares de pessoas forçadas a abandonar suas casas.

Entre os ataques mais recentes está o massacre de Yelwata, ocorrido entre 13 e 14 de junho, que deixou entre 100 e 200 cristãos mortos e cerca de 3 mil deslocados. Poucos dias depois, novos ataques em comunidades de Benue e Plateau deixaram mais de 85 mortos em apenas uma semana.
Em setembro, seis cristãos foram assassinados por milícias fulanis em uma emboscada no estado de Plateau, um episódio que reforça a continuidade dos ataques mesmo fora de períodos de conflito direto.

A Intersociety aponta que os principais responsáveis são militantes fulanis armados, além de facções jihadistas como o Boko Haram e o Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP), que atuam de forma coordenada em diferentes regiões do país. Igrejas, fazendas, escolas e casas de líderes religiosos estão entre os alvos mais frequentes.

Organizações de direitos humanos denunciam que a resposta do governo nigeriano tem sido insuficiente e lenta, com baixa investigação e quase nenhuma punição aos responsáveis. O cenário agrava o que especialistas chamam de “genocídio silencioso”, uma perseguição contínua que mistura intolerância religiosa, disputa por terras e negligência estatal.

Relatórios recentes também destacam a escalada de sequestros e assassinatos de padres, pastores e missionários, principalmente no norte e centro do país. As vítimas são frequentemente raptadas por grupos armados que exigem resgate ou executam líderes religiosos como forma de intimidação.

A Nigéria é hoje considerada o país mais perigoso do mundo para ser cristão fora de zonas de guerra declaradas, segundo a organização Open Doors. Em 2025, além das 7 mil mortes registradas, centenas de igrejas foram incendiadas e milhares de famílias deslocadas vivem em campos improvisados sem acesso a abrigo, alimentação ou segurança.

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