25 de novembro de 2025

Festivais e Shows

AFROPUNK Brasil firma posição como maior festival de cultura preta e referência em sustentabilidade

Com dados inéditos, AFROPUNK projeta futuro de eventos regenerativos de grande porte no Brasil

Barbara Braga | 24/11/2025
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Reprodução: @vulgotlls

O AFROPUNK Brasil encerrou sua edição de 2025 reafirmando algo que já não é apenas discurso: o festival quer ir além do entretenimento e se posiciona como um agente de regeneração ambiental, cultural e econômica. Nos dias 8 e 9 de novembro, o Parque de Exposições de Salvador recebeu mais de 63 mil pessoas em dois dias de programação intensam encerrando uma rota que começou no Maranhão, passou pelo Rio de Janeiro e terminou onde tudo começou: na capital baiana.

A edição de 2025 mostrou que curadoria potente é apenas um pedaço da equação. Com uma política clara de impacto positivo, o festival apresentou dados concretos que traduzem seu propósito: fortalecer comunidades, reduzir emissões, ampliar práticas sustentáveis e impulsionar a economia local.

Um festival que movimenta pessoas e estruturas

A edição contou com 19 atrações, incluindo nomes como Sister Nancy, Tems, Coco Jones, Péricles e Liniker, distribuídos em mais de 20 horas de shows. Para erguer esse palco de mais de 100 metros, o festival mobilizou mais de 5 mil profissionais, sendo que, no time principal, 90% eram pessoas negras, com maioria de mulheres em funções de liderança.

@vulgotlls | @matheusl8

Essa composição não é casual: faz parte da política de criação de oportunidades e de fortalecimento da cadeia de trabalho preta no setor cultural, um dos pilares que o AFROPUNK defende desde sua chegada ao Brasil.

Sustentabilidade como prática, não slogan

A área gastronômica da edição, livre de plástico de uso único, reuniu 20 restaurantes liderados majoritariamente por pessoas negras. Uma campanha criada pelo festival ampliou a oferta de pratos vegetarianos e veganos , que representaram 47% do total vendido, reduzindo parte da pegada de carbono da operação.

A estratégia vem acompanhada de dados: refeições à base de plantas podem emitir até 63% menos CO₂ que pratos com carne bovina. No total, 89% dos fornecedores aderiram às diretrizes ambientais estabelecidas pela produção.

O Parque de Exposições recebeu também 75 pontos de coleta seletiva, que resultaram em 131 kg de resíduos orgânicos compostados, gerando 105 kg de adubo e reduzindo 65,5 kg de CO₂eq.
Outras ações incluíram:

  • monitoramento climático em tempo real,
  • reciclagem de 45.000 m³ de óleo de dendê e de cozinha, evitando contaminação hídrica,
  • e categorização de mais de dez frentes de emissões de carbono.

O festival também reforça seu papel como plataforma de turismo. Dos 63 mil presentes, 40% vieram de fora da Bahia, incluindo visitantes de 36 países. A presença massiva de público nacional e internacional consolida Salvador como rota global da cultura preta contemporânea e fortalece a economia criativa da cidade.

Com cinco edições realizadas no Brasil, o AFROPUNK se torna cada vez mais um território vivo, uma plataforma em expansão que pensa impacto como responsabilidade e futuro como construção coletiva.

E a próxima parada já está definida: Rio de Janeiro, em 2026.

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Barbara Braga