Esportes
Seleção além dos gramados: CBF e Nike reposicionam marca e miram torcedores no dia a dia
Projeto inclui lojas próprias, streetwear, acessibilidade e novo posicionamento para aproximar a Seleção do cotidiano dos brasileiros
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresentou, no último CBF Summit, um plano que marca uma nova fase na relação entre o torcedor e a Seleção Brasileira. Em parceria com a Nike, a entidade anunciou um processo de reposicionamento que pretende transformar a Seleção em uma marca de uso cotidiano, e não apenas em símbolo esportivo ativado durante jogos e grandes competições. A iniciativa inclui a criação de lojas próprias, coleções de streetwear e produtos com preços mais acessíveis, numa tentativa de aproximar a marca do dia a dia dos brasileiros.
A estratégia prevê a abertura de 25 a 30 lojas oficiais até a próxima Copa do Mundo, distribuídas em diferentes regiões do país. A proposta é criar pontos de convivência onde produtos, experiências e ativações aconteçam em um mesmo espaço. A linha popular, que inclui camisetas e peças básicas, deve chegar ao mercado com preços a partir de R$ 80, buscando democratizar o consumo relacionado à Seleção.
O plano também mira a cultura urbana. A parceria com a Nike inclui coleções pensadas para dialogar com o público jovem, que consome futebol, música, moda e comportamento como parte de um mesmo universo estético. A ideia é que a camisa da Seleção circule nos metrôs, bailes, shows, encontros e nas redes, e não apenas nos dias de convocação.
O movimento conversa diretamente com estéticas que nascem das ruas, dos campos de várzea, do funk, do hip hop e de outras expressões que moldam a cultura brasileira. Para jovens negros, que historicamente transformaram futebol em estilo e narrativa, a estratégia abre espaço para uma representação simbólica importante.
A camiseta mais simbólica do Brasil foi construída por atletas pretos, mas o mercado que lucra com ela nem sempre reflete esse protagonismo. As novas coleções e lojas colocam em pauta quem vai narrar essas histórias e quais identidades estarão na linha de frente.
O movimento, porém, aponta para uma mudança relevante. Ao transformar a Seleção em marca cotidiana, a CBF passa a dialogar com um Brasil diverso, jovem, urbano e plural. Se a estratégia conseguir unir acessibilidade, representatividade e criatividade preta, pode inaugurar um capítulo mais plural na relação entre torcedores e Seleção.




