Música
“Queriam que eu fosse a versão feminina do Brown”: Negra Li fala sobre identidade e pressão no rap no novo episódio do ‘Mano a Mano’
Ícone do rap feminino discute os desafios de ser referência e as imposições de gênero na cultura hip hop.

No novo episódio do podcast Mano a Mano, Negra Li se senta frente a frente com Mano Brown e Semayat Oliveira para uma conversa que vai além da música. O papo é sobre identidade, fé, feminilidade e as pressões que moldaram e tentaram limitar uma das vozes mais potentes da história do rap brasileiro.
Com quase 30 anos de carreira, Negra Li revisita suas origens na Brasilândia, zona norte de São Paulo, e reflete sobre o peso de ser pioneira. “Muita gente projetou em mim a expectativa de ser a versão feminina do Brown. Queriam até mudar meu jeito de falar. As pessoas constroem sua imagem com base na sua persona. Porque quando estou rimando, sai de baixo, mas a Negra Li no palco é diferente da Liliane”, conta.
A artista fala com maturidade sobre o impacto dessa trajetória e as tensões de ser uma mulher preta em um espaço ainda marcado pela masculinidade. No episódio, ela reforça que não há contradição em ser evangélica e, ao mesmo tempo, defender pautas de liberdade e autonomia feminina.
“Eu sou evangélica, mas sou uma mulher preta. Tenho muitas questões, mas tem coisas que eu não aceito e não vou ficar calada. Querer determinar o que se faz com o corpo de uma menina, que possa estar sofrendo, para mim, é um absurdo”, afirma.
Negra Li, que se tornou referência ao lado do grupo RZO e eternizou sua presença na cultura pop com o filme e a série Antônia, continua sendo uma das vozes mais importantes do hip hop nacional. No Mano a Mano, ela se mostra em sua totalidade artista, mulher e pensadora de um tempo em que ser livre é um ato político.
O episódio completo com Negra Li já está disponível no Spotify assista ou ouça clicando aqui. Novos episódios de Mano a Mano vão ao ar todas as quintas-feiras.