7 de dezembro de 2025

Afri News

Presidente de Gana apoia projeto que torna ilegal se identificar como LGBTQIAPN+

Para John Mahama, o projeto reflete “valores ganeses”, reacendendo tensões sobre direitos humanos

Redação Africanize | 25/11/2025
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Reprodução: @officialjdmahama

O presidente de Gana, John Dramani Mahama, reafirmou nesta semana que está disposto a sancionar a lei que criminaliza pessoas LGBTQIAPN+ caso o projeto seja aprovado e reenviado pelo Parlamento. A declaração, feita durante um encontro com o Christian Council of Ghana, reacende tensões no país e intensifica a preocupação de organizações de direitos humanos.

A proposta, conhecida como Human Sexual Rights and Ghanaian Family Values Bill, passou pelo Parlamento em fevereiro de 2024, mas não chegou a ser promulgada porque o mandato legislativo terminou antes da formalização completa do processo. Com isso, o projeto precisa ser reintroduzido e aprovado novamente para seguir à mesa presidencial. A nova legislatura já indicou que pretende avançar no texto.

O que a lei propõe

O texto prevê algumas das medidas mais severas do continente africano:

  • Até 3 anos de prisão para quem se identificar como LGBTQIAPN+;
  • Até 10 anos de prisão para quem “promover, apoiar ou financiar” grupos queer;
  • Proibição de organizações que ofereçam acolhimento, informação ou serviços para pessoas LGBTQIAPN+;
  • Censura de conteúdos considerados “pró-LGBTQ+”.

Durante a reunião com líderes religiosos, Mahama afirmou que espera que o Parlamento retome e finalize a tramitação do projeto. “Se for aprovado e enviado a mim, eu assinarei”, declarou. Ele também repetiu a defesa de que “o casamento é entre homem e mulher” e que “o gênero é determinado ao nascimento”.

Reação interna e internacional

Organizações como Human Rights Watch, Amnesty International e o Ghana Center for Democratic Development alertam que, se sancionada, a lei criará um ambiente de perseguição institucionalizada, legitimando violência e discriminando não apenas a comunidade queer, mas também ativistas, médicos, jornalistas e entidades sociais.

A ONU já expressou preocupação anteriormente com versões do projeto, afirmando que a criminalização da identidade LGBTQIAPN+ viola acordos internacionais dos quais Gana é signatário.

Além disso, há impactos econômicos em jogo. Em debates anteriores, o governo foi alertado de que medidas desse tipo poderiam comprometer US$ 3,8 bilhões em financiamentos e programas de cooperação internacional, incluindo recursos do Banco Mundial e do FMI.

Um país dividido

A retomada da lei acontece em um cenário de disputas intensas entre grupos religiosos conservadores, parlamentares progressistas, movimentos de juventude e coalizões de direitos humanos. Pesquisas recentes indicam que a população ganesa está majoritariamente alinhada com discursos tradicionais sobre sexualidade, ao mesmo tempo em que cresce a pressão internacional para que Gana mantenha compromissos com direitos civis e liberdade de expressão.

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Redação Africanize