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Militares tomam o poder na Guiné-Bissau e suspendem eleições em meio à maior crise política do país em anos
Forças Armadas depõem o presidente Umaro Sissoco Embaló e fecham todas as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas
A Guiné-Bissau vive, mais uma vez, um de seus momentos mais delicados desde a independência. Nesta quarta-feira (26), oficiais das Forças Armadas anunciaram que tomaram o controle total do país, depuseram o presidente Umaro Sissoco Embaló e suspenderam imediatamente o processo eleitoral que estava em curso. O pronunciamento militar foi transmitido pela televisão estatal poucas horas após intensos disparos serem registrados perto do palácio presidencial, em Bissau.
De acordo com o comando militar, a intervenção teria sido motivada por uma “tentativa de manipulação dos resultados” das eleições presidenciais e legislativas, cujos desfechos ainda não haviam sido anunciados oficialmente. A disputa eleitoral tornou-se explosiva depois que Embaló e seu principal adversário, Fernando Dias, declararam vitória antecipada, antes mesmo da divulgação formal da comissão eleitoral.
Fechamento de fronteiras, toque de recolher e censura
Logo após assumir o poder, os militares decretaram medidas de emergência:
- fechamento de todas as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas,
- toque de recolher noturno,
- suspensão de atividades de imprensa e comunicação,
- bloqueio parcial do acesso à internet e interrupção de emissoras locais.
GUINÉ-BISSAU 🇬🇼
— Gustavo Rebello (@Gu_rebel) November 26, 2025
Militares anunciam ter tomado o controle do país um dia antes de sair o resultado das eleições gerais.
Os dois candidatos, Umaro Sissoco Embalo (situação) e Fernando Dias (oposição) tinham se declarado vencedores.pic.twitter.com/1YqV295EZ9
Também anunciaram o general Horta Nta Na Man como líder de um governo de transição, responsável por comandar o país por até um ano, até que “a ordem e a confiança no processo eleitoral sejam restabelecidas”, segundo o comunicado lido pelos oficiais.
Reações e pressões internacionais
A ruptura política foi condenada imediatamente por organizações internacionais.
A União Africana (UA), a ECOWAS (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) e observadores eleitorais da região classificaram o ato como “golpe militar” e exigiram a libertação do presidente deposto e o retorno à constitucionalidade.
Já as Nações Unidas afirmaram acompanhar a situação com “profunda preocupação”, alertando para riscos de violência e violação dos direitos civis da população.
Internamente, cidadãos relatam medo e incerteza. Lojas foram fechadas, deslocamentos estão restritos e a circulação de soldados armados tornou-se intensa em pontos estratégicos de Bissau.
A Guiné-Bissau, com pouco mais de 2 milhões de habitantes, tem um dos históricos políticos mais instáveis da África Ocidental. Desde 1974, o país viveu vários golpes, tentativas de golpe, intervenções militares e dissoluções abruptas do Parlamento.




