12 de maio de 2025

Cinema e TV

Jessica Marques, de 'Vale Tudo', diz que mulheres negras inspiram sua carreira: "Me faz entender que é possível"

Atriz de ‘Justiça 2’ e do remake de ‘Vale Tudo’, baiana revela desafios pessoais e celebra papéis na televisão

• 12/05/2025
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Foto: @maga.maju

É com brilho nos olhos que Jessica Marques recebe a Africanize. Aos 25 anos, a atriz vive o início de um novo ciclo profissional e pessoal com trabalhos como ‘Justiça 2’ e ‘Vale Tudo’, onde elenca seu primeiro trabalho em uma novela. A trajetória é marcada por emoção, propósito e superação.

“Já tive uma experiência com teatro, mas o audiovisual ainda era um universo em construção para mim”, conta.

Jessica chegou ao set da Globo depois de um único curta-metragem e de anos se dedicando à formação acadêmica em teatro. “Não me sentia 100% pronta, mas meu papel em Justiça foi um presente. Larissa era uma mulher preta, chefe de cooperativa, que não dependia de ninguém. Uma representação potente que me orgulhou muito.”

Foto: @maga.maju

Na pele de Daniela em Vale Tudo, ela vive uma personagem próxima de sua realidade. “Estudiosa, ligada à família, sempre apoiando os outros. Eu tenho muito disso também.” Trabalhar com nomes como Thaís Araújo tem sido, segundo ela, um privilégio duplo: como artista e como fã. “Thaís sempre foi minha referência. Meu pai é apaixonado por ela. Quando contei que ia contracenar com ela, ele pediu um vídeo.”

Mas a ascensão não veio sem obstáculos. “Quando minha mãe faleceu, por falta de atendimento da saúde pública, eu me senti culpada por não poder fazer mais. A arte me salvou. Agora eu posso retribuir aos meus.” A atriz afirma que as conquistas têm sabor de justiça social. “Para quem não é herdeiro, o pensamento é sempre: como posso cuidar dos meus primeiro? É isso que me move.”

Criada em Salvador em uma casa cheia, com a avó e as tias no primeiro andar, a mãe e o irmão no segundo, Jessica hoje vive sozinha no Rio de Janeiro. “Foi um choque. Mas no set, com a minha equipe, encontro meu lugar de afeto. É o momento mais leve do meu dia.

Formada pela UFBA, com licenciatura em teatro, ela defende com convicção o poder da educação pública. “Foi o que me deu base. Estudar me fez acreditar que posso atuar com segurança, que estou preparada quando a oportunidade aparece.

Jessica também se emociona ao falar da responsabilidade de representar mulheres pretas. “A gente ainda não tem equidade real. Melhoramos muito, mas ainda estamos conquistando nosso espaço. Ver atrizes como Zezé Motta, Viola Davis e Thaís Araújo me faz entender que é possível.”Quando perguntada sobre o futuro, não hesita: “Quero atuar até os 90. E tenho um desejo antigo da minha criança interior: ser a Princesa Tiana em um filme. Ainda não sei inglês, mas acho que dá tempo até lá.”

Foto: @maga.maju
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