23 de novembro de 2025

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COP30 vive dia crítico após incêndio e pressão internacional por acordo climático

Zona Azul foi evacuada após chamas atingirem um dos pavilhões; ao mesmo tempo, mais de 30 países rejeitam o texto apresentado pelo Brasil, entenda

Barbara Braga | 21/11/2025
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Reprodução: Ricardo Stuckert / PR

A reta final da COP30, em Belém (PA), foi marcada por uma combinação crítica: um incêndio que interrompeu parte das negociações e uma pressão crescente de dezenas de países por mudanças no texto apresentado pela presidência brasileira da conferência. O episódio tensiona ainda mais o encontro climático, que já vivia um dos momentos mais sensíveis da construção de consensos desde o início dos debates.

Na tarde de quinta-feira (20), um incêndio atingiu um dos pavilhões da Zona Azul, área onde delegações de quase 200 países discutem acordos climáticos. As chamas começaram por volta das 14h e provocaram a evacuação imediata do espaço, gerando correria e apreensão entre os participantes.

A equipe de segurança controlou o fogo rapidamente, mas 13 pessoas precisaram de atendimento por inalação de fumaça, segundo a organização da COP30. Não há registro de feridos graves. Vídeos que circularam nas redes mostram fumaça tomando parte do teto do pavilhão enquanto delegados se deslocavam para áreas externas.

Após inspeção técnica do Corpo de Bombeiros e liberação estrutural, a Zona Azul foi reaberta, e algumas sessões foram retomadas. A causa oficial do incêndio ainda não foi concluída, mas as primeiras investigações apontam para a possibilidade de falha elétrica. O governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou que todos os protocolos de emergência foram acionados e que a agilidade das equipes evitou um acidente maior.

O incidente ocorre em um momento já marcado por forte pressão internacional. Mais de 30 países, entre eles Colômbia, França, Reino Unido, Alemanha e Bélgica, divulgaram uma carta classificando como “insuficiente” o rascunho de acordo apresentado pela presidência brasileira. Os países criticam a ausência de um roteiro explícito para a eliminação dos combustíveis fósseis, considerado por eles um ponto mínimo para garantir credibilidade ao resultado da conferência.

“Estamos profundamente preocupados com a proposta atual”, afirmam os signatários, que consideram que o texto não atende às condições necessárias para um desfecho sólido. Para o presidente da COP30, o diplomata André Corrêa do Lago, o desafio agora é reescrever um documento capaz de obter consenso entre quase 200 nações, tarefa que se torna ainda mais complexa diante do clima político e das interrupções causadas pelo incêndio.

Com a Zona Azul reaberta, as delegações tentam recuperar o ritmo das discussões, mas o episódio acrescenta novas camadas de pressão a uma conferência já marcada por desacordos profundos sobre o futuro dos combustíveis fósseis e o financiamento climático internacional.

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Barbara Braga