Cultura
Grande Othelo volta ao centro da cultura brasileira em exposição e retrospectiva cinematográfica
Entre a Paulista e as telas, o legado do artista ganha novos caminhos em uma programação que revisita sua força no cinema, no humor e na representação da negritude no Brasil
Grande Othelo nunca foi apenas um ator. Ele foi linguagem, corpo, ritmo, invenção, e seu impacto atravessa décadas da cultura brasileira. Agora, aos 110 anos de seu nascimento, o Itaú Cultural abre um novo capítulo dessa história com uma homenagem dupla: a exposição Ocupação Grande Othelo, que chega ao instituto em 6 de dezembro, e uma mostra especial na Itaú Cultural Play, disponível a partir do dia 5.
É um encontro entre memória e movimento. Entre o arquivo e a tela. Entre o passado e a urgência de revisitar quem abriu caminhos antes que “representatividade” se tornasse pauta.
A mostra física reúne mais de 160 itens, roteiros, partituras, fotos, documentos, figurinos e objetos pessoais, compondo um painel amplo da vida de um artista que transitou do circo ao cinema, das chanchadas ao Cinema Novo, das comédias populares às obras que questionaram o racismo brasileiro.
E enquanto o público atravessa a Avenida Paulista para conhecer a exposição, outra porta se abre: a das telas da Itaú Cultural Play.
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Mostra na IC Play: sete filmes para reencontrar o artista em todas as suas faces
A plataforma gratuita de streaming libera um conjunto de sete longas-metragens que, juntos, funcionam quase como uma biografia em movimento. São filmes que revelam a potência dramática e a precisão cômica de Othelo, e mostram como sua presença moldou o imaginário do cinema nacional.
Entre o riso, a dor e o Brasil profundo
A mostra inclui:
🎬 Rio, Zona Norte (1957)
Uma das atuações mais expressivas de Grande Othelo, interpretando Espírito, sambista brilhante e subestimado, um retrato emocional e político do artista negro tentando sobreviver à exploração e ao apagamento.
🎬 Carnaval Atlântida (1952)
O lado cômico de Othelo aparece em sua melhor forma. Ao lado de Oscarito, assume o caos criativo de um faxineiro que tenta filmar Helena de Troia em pleno estúdio carnavalesco brasileiro.
🎬 Matar ou Correr (1954)
Outra parceria lendária com Oscarito, desta vez em uma sátira do faroeste americano. Humor, crítica e o carisma absoluto da dupla que fez história.
🎬 Jubiabá (1987)
Na adaptação do romance de Jorge Amado, Othelo interpreta o pai de santo que guia Baldo, personagem atravessado por racismo, desigualdade e resistência. Um filme que expõe as feridas abertas do país.
🎬 Macunaíma (1969)
O grande clássico que apresenta a versatilidade e a irreverência de Grande Othelo como a primeira versão adulta do “herói sem nenhum caráter”. Um dos pilares da cinematografia brasileira.
🎬 Também Somos Irmãos (1949)
Um marco no enfrentamento do racismo no cinema nacional. Aqui, Othelo entrega uma de suas atuações mais densas ao viver um dos irmãos negros adotados por um viúvo branco, até que a sociedade começa a definir quem pode ou não pertencer.
🎬 Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977)
No thriller de Babenco, Othelo interpreta Dondinho, figura fundamental na jornada do protagonista. É cinema político, denúncia e memória da violência policial no Brasil.
A mostra física e a digital operam juntas como um chamado: olhar para trás não é nostalgia, é reparação.
É devolver tamanho a um artista que viveu aplausos, mas também limitações raciais impostas pela indústria.
A Ocupação Grande Othelo fica em cartaz no Itaú Cultural, na Avenida Paulista, em São Paulo, entre os dias 6 de dezembro de 2025 e 8 de março de 2026, com entrada gratuita ao público. Paralelamente, a Mostra Grande Othelo chega à Itaú Cultural Play a partir de 5 de dezembro, também de forma totalmente gratuita. Os filmes podem ser assistidos no site itauculturalplay.com.br, nos aplicativos para Android e iOS, em Smart TVs Samsung, LG, Android TV e Apple TV, via Chromecast e pelas plataformas Claro TV+, SKY+ e Watch Brasil.
