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“Fiquei sem reação”: dançarino de Lore Improta expõe injúria racial em academia de Salvador
Boanerges Almeida relatou ter sido alvo de comentários racistas sobre sua aparência e estilo em uma unidade da Alpha Fitness, na Pituba
O bailarino e coreógrafo Boanerges Almeida, conhecido por integrar a equipe de dançarinos da cantora Lore Improta, denunciou ter sido vítima de injúria racial dentro de uma academia em Salvador. O caso aconteceu na unidade da Alpha Fitness – Pituba, e veio a público após o artista desabafar nas redes sociais sobre o constrangimento que sofreu.
Segundo Boanerges, uma aluna da academia fez comentários depreciativos sobre sua aparência, insinuando que ele “não teria condição” de usar roupas de grife ou pagar por procedimentos estéticos, como as lentes dentárias que usa. “Fiquei sem reação. Tirei o crachá, entreguei ao coordenador e fui para o carro desabafar”, relatou.
O dançarino, que é figura ativa na cena cultural baiana e referência em dança urbana, disse que o episódio o abalou emocionalmente e o fez repensar seu espaço dentro daquele ambiente. “A gente trabalha para inspirar pessoas, mas o preconceito ainda tenta calar a gente nos lugares mais comuns”, declarou em uma publicação.
A Alpha Fitness divulgou uma nota afirmando que repudia qualquer atitude discriminatória e que está colaborando com as autoridades. A Polícia Civil da Bahia confirmou que o caso é investigado como injúria racial, e que as imagens das câmeras de segurança estão sendo analisadas.
Entre o corpo e o trabalho: o que o caso revela
O episódio vivido por Boanerges escancara as microviolências que pessoas negras ainda enfrentam em ambientes de trabalho e lazer, mesmo em contextos aparentemente modernos e inclusivos. O simples ato de questionar a aparência, o vestuário ou o acesso de um homem negro a símbolos de status continua sendo uma forma de limitar a presença preta em espaços que historicamente lhes foram negados.
A denúncia também reabre o debate sobre respeito e representatividade dentro das academias e espaços de bem-estar, que ainda reproduzem padrões de corpo e comportamento distantes da diversidade real. Mesmo sendo um artista reconhecido, Boanerges se viu reduzido a estereótipos que associam negritude à falta de poder econômico.
Nos comentários, o dançarino recebeu apoio de colegas de profissão e de artistas, reforçando a importância de tornar públicas essas situações e denunciar o racismo em todas as suas formas.




