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Família tem registro de filha negado por escolha de nome africano em Belo Horizonte
Pais denunciam racismo institucional após cartórios recusarem o nome “Tumi Mboup”, que carrega referências culturais e históricas do continente africano

Uma família de Belo Horizonte (MG) denuncia que teve o registro de sua filha recém-nascida negado em dois cartórios da cidade por causa da escolha de um nome de origem africana. A bebê nasceu em 22 de setembro e deveria ser registrada como Tumi Mboup, mas funcionários do Hospital Sofia Feldman, que funciona como extensão de cartório recusaram o pedido, alegando que “Mboup” seria um sobrenome e, por isso, não poderia ser usado como segundo nome composto.
Os pais tentaram realizar o procedimento em outro cartório, no Terceiro Subdistrito, mas receberam a mesma resposta. A ausência da certidão impede que a criança tenha acesso a serviços básicos de saúde, como o teste do pezinho, além de deixar os pais sem acesso a licenças trabalhistas.
Para o pai, Fábio Rodrigo Vicente Tavares, a recusa representa mais do que um entrave burocrático: é um ataque simbólico à identidade negra.
“Tumi significa lealdade, e Mboup é uma homenagem ao intelectual senegalês Cheikh Anta Diop. Sem nome, sem referência, não somos nada”, declarou em entrevista à imprensa.
O caso reacende o debate sobre racismo institucional e o direito de famílias negras reafirmarem sua ancestralidade por meio da escolha de nomes. A família deve recorrer judicialmente para garantir o registro.