Educação
Ana Maria Gonçalves é eleita a primeira mulher negra imortal da Academia Brasileira de Letras
Autora de Um Defeito de Cor conquista a cadeira 33 e marca um momento histórico na literatura brasileira

Em julho de 2025, a escritora Ana Maria Gonçalves entrou para a história ao ser eleita a primeira mulher negra a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL). Mineira de Ibiá, ela recebeu 30 dos 31 votos possíveis e passou a ocupar a cadeira 33, anteriormente pertencente ao gramático Evanildo Bechara.
Autora do aclamado romance Um Defeito de Cor (2006), vencedor do Prêmio Casa de las Américas e considerado uma das obras mais importantes da literatura brasileira no século XXI, Ana Maria construiu uma carreira que alia profundidade literária e relevância social. Seu livro, que narra a saga de Kehinde, uma mulher africana escravizada em busca do filho perdido, tornou-se referência obrigatória em debates sobre memória, ancestralidade e identidade no Brasil. Em 2024, a obra também inspirou o enredo da escola de samba Portela.
Além de romancista, Ana Maria atua como dramaturga, professora, roteirista e curadora cultural. Já foi escritora residente em universidades de prestígio como Tulane, Stanford e Middlebury, e tem se consolidado como uma das vozes mais importantes da literatura contemporânea.
Sua eleição para a ABL representa um avanço simbólico e necessário: a presença de uma mulher negra em uma instituição historicamente marcada pela ausência de diversidade. Para muitos, a vitória de Ana Maria Gonçalves é também um convite a repensar quais histórias e vozes ocupam os espaços centrais da cultura brasileira.