27 de agosto de 2025

África

Países africanos lideram campanha para corrigir distorções do mapa-múndi

União Africana apoia movimento que pede adoção do modelo Equal Earth, mais fiel ao tamanho real dos continentes

• 27/08/2025
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Crédito: sasirin pamai / Shutterstock

A União Africana (UA) deu início a uma mobilização global que busca substituir a projeção de Mercator, utilizada desde o século XVI, por um modelo cartográfico mais fiel às proporções reais da Terra. A campanha, batizada de “Correct the Map”, defende a adoção da projeção Equal Earth, que representa os continentes em suas dimensões verdadeiras.

Criado em 1569 para facilitar a navegação marítima, o mapa de Mercator é alvo de críticas há décadas por distorcer o tamanho das regiões do globo. Nele, países do hemisfério norte aparecem maiores do que realmente são, enquanto áreas equatoriais, como a África e a América do Sul, são comprimidas. O contraste mais evidente é o da Groenlândia, que na projeção tradicional parece ter dimensões semelhantes às da África, quando, na realidade, o continente africano é 14 vezes maior.

Organizações como Africa No Filter e Speak Up Africa ressaltam que essa representação não é apenas um detalhe técnico: ela influencia percepções culturais, políticas e sociais. “Um mapa pode parecer neutro, mas não é”, declarou Selma Malika Haddadi, vice-presidente da Comissão da UA. Já Moky Makura, que lidera a campanha, classificou a projeção de Mercator como “a maior campanha de desinformação do mundo”.

A projeção Equal Earth, escolhida pela União Africana, preserva a estética visual e, ao mesmo tempo, corrige as distorções históricas. Instituições como o Banco Mundial e plataformas como o Google Maps já começaram a rever a forma como apresentam mapas em suas interfaces digitais.

A iniciativa também ganha força no campo educacional: a proposta é que escolas em países africanos passem a ensinar geografia com base no Equal Earth, reforçando a importância da representatividade visual na formação de identidade e autoestima. O movimento já recebeu apoio de blocos internacionais como a CARICOM e busca engajamento de organismos multilaterais como a ONU.

Mais do que um debate técnico, a campanha expõe como a cartografia também é reflexo de relações de poder. Ao reivindicar a correção do mapa-múndi, países africanos reafirmam sua presença e centralidade no mundo, não apenas em termos geográficos, mas também culturais e políticos.

Crédito: Shutterstock
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