África
Mais de 90% dos diamantes do mundo são originários de solo africano
Maior parte da população africana nunca viu os benefícios dessa riqueza

Botswana, República Democrática do Congo, Angola e África do Sul estão entre os maiores produtores de diamantes do planeta. Esses minerais, símbolos de luxo e amor no mercado internacional, carregam um peso histórico de exploração, desigualdade e violência, sobretudo para quem vive e trabalha nas regiões de extração.
Na maior parte do continente, as receitas da mineração seguem longe das comunidades. A única exceção relevante é o Botswana, que conseguiu estabelecer políticas de distribuição de renda ligadas à exploração de diamantes. Nos outros países, o que predomina é um ciclo de abandono, corrupção e negligência.
“A ganância generalizada, a secessão pós-colonial e a erosão da responsabilidade do setor público deixaram feridas profundas”, afirma M’Zee Fula Ngenge, presidente do Conselho Africano de Diamantes.

Essa realidade brutal voltou ao noticiário em janeiro de 2025, após o colapso de uma mina ilegal em Stilfontein, na África do Sul. Segundo a organização Comunidades Afetadas pela Mineração Unidas em Ação (MACUA), 36 corpos foram resgatados sem vida e 82 sobreviventes foram encontrados presos na mina. A estimativa inicial é de que até 500 trabalhadores estivessem no local no momento do desastre.
A tragédia escancara um problema antigo: minas ilegais operam sem supervisão adequada e colocam milhares de vidas em risco, muitas vezes sem nenhuma alternativa de renda para os trabalhadores envolvidos.