7 de dezembro de 2025

Entrevistas

iFood Acredita: um programa que tem mostrado o que é equidade racial na prática

Angelica Vasconcelos Diretora de Equidade do iFood que está à frente do projeto fala sobre o programa iFood Acredita

Camila Fernandes | 04/12/2023
Thumbnail

Novembro é um mês marcante para a comunidade negra porque debatemos temas importantes a cerca da Consciência Negra. Sobretudo buscamos respostas de grandes organizações   e buscamos entender as políticas que de fato tem transformado e combatido o racismo estrutural. Mas não podemos esquecer de empresas como o iFood que tem executado políticas afirmativas ao longo do ano inteiro, ações estas que já tem colhido frutos. 

iFood Acredita é mais um dos mais novos projetos voltados para empreendedores negros que tem todo um ecossistema da empresa voltado para apoiar no desenvolvimento profissional dessas pessoas. Em novembro a Africanize acompanhou de perto   a primeira rodada que começou em Salvador e a Vila Gastronômica do iFood no evento Afrofuturismo

Conversamos com Angelica Vasconcelos Diretora de Equidade do iFood e na Foodtech. Ela que tem 25 anos de experiência em empresas de tecnologia e tem feito vários trabalhos disruptivos dentro da diversidade, equidade e inclusão. Falou um pouco sobre o trabalho que vem desenvolvendo.   

Africanize: Conte um pouco sobre a experiência de promover a Vila Gastronômica do IFood, dentro do festival Afrofuturismo com painéis de debates tão importantes?

Foi uma experiência única tanto para mim quanto para o meu time por ter conseguido duas coisas: valorizar os empreendedores que melhor performaram no programa e a segunda usamos o mesmo espaço para promover um ecossistema de painéis que falou de soluções de educação que vai levar as comunidades negras para outro patamar naquilo que a gente acredita ser nosso afrofuturismo. 

Africanize:  Dentro da sua visão como mulher negra, como Diretora de Equidade do Ifood e toda sua trajetória até aqui. Quais são os principais entraves no mercado para ter mais equidade racial?

Os entraves para alcançar a equidade racial não nos faltam. As previsões mais otimistas dizem que estamos a 200 anos da equidade racial e mais pessimista dizem que estamos a 400 anos. O entrave está justamente no racismo estrutural onde ainda temos pessoas acreditando em racismo reverso, que as pessoas que nascem em comunidades periféricas que são negras sobretudo as pessoas retintas têm oportunidades iguais. Enquanto a gente não quebrar esse tipo de mentalidade fracassada a gente não vai alcançar a equidade racial. E estamos tentando avançar e alcançar com a comunidade branca aliada, que são as pessoas brancas antirracistas que vão acabar com o racismo e elas são a nossa esperança. A gente não resolve nos próximos anos, mas impulsiona bastante rumo a uma solução.

Africanize: Quando falamos de diversidade e inclusão o que você considera como fatores importantes para alavancar essa luta?

Primeiramente sobre diversidade e inclusão precisa ser pautada em mais um pilar: diversidade, equidade e inclusão. E pra avançar nisso a gente tem que pensar muito além do que uma empresa que só tem pessoas brancas começar a fazer vagas afirmativas para pessoas negras a gente precisa pensar que além de incluir uma pessoa a gente precisa dar a ela duas coisas: condições de pertencimento e pensar em como acelerar a carreira dessas pessoas. Pessoas pretas já existem nas empresas, mas muitas estão na base e não em posição de liderança. 

Africanize:  Como você avalia a experiência desse projeto piloto que está sendo o IFood Acredita em Salvador? 

A fase piloto do programa em Salvador foi superimportante para que tivéssemos uma lucidez do tamanho da problemática das vulnerabilidades do empreendedor negro. Agora como o programa é contínuo a partir de dezembro vamos acompanhar diferentes empreendedores por meio de um modelo baseado em testes e em hipóteses com uma base de dados e na história de cada um. Nós precisamos entender por que uns crescem 300% e outros não saiam do lugar. 

Africanize:  Em um evento falando de inovação e tecnologia como o Festival Afrofuturismo que super se conecta com o trabalho do IFood. O que você considera como principais avanços ao conectar empreendedores negros ao seu público consumidor por meio da tecnologia?

Acelerar empreendedores dentro de uma plataforma como a nossa é mostrar para o Brasil que nossa empresa reconhece que a desigualdade no Brasil é ampla e que essa desigualdade é ainda maior para um recorte de pessoas que vem da raça negra. Se a gente tem o consumidor consciente que é preciso reduzir as desigualdades negras esse consumidor automaticamente se conecta com o propósito do projeto. Se ele ainda não tem essa consciência, aos poucos ele vai se despertando para isso. Como uma empresa que tem um grande ecossistema de prestadores de serviços e de consumidores, a gente precisa contribuir tanto no ponto de vista de gerar mais receita para os empreendedores mais vulneráveis e contribuir para uma melhor consciência coletiva. 

Africanize:  Como tem sido para você estar à frete de uma organização como IFood líder no delivery e ser agente de transformação nesse processo de trazer mais equidade, desenvolvimento social e econômico para entregadores e empreendedores?

Para mim tem sido uma alegria estar à frente desse projeto porque a gente tem a nosso favor a força de transformação de todo ecossistema de 56 milhões de clientes de 300 mil empreendedores e mais 250 mil entregadores e gente consegue com isso impactar a vida de muita gente além de muitos empregos gerados. Se a gente usa a força de grandes ecossistemas para contribuir para reparação das desigualdades, a gente começa avançar pra chegar lá. A gente muda os ponteiros de toda a sociedade brasileira, a gente consegue trabalhar com valores que impactam quando fazemos um programa de educação que envolve muita coisa. Quando a gente olha as provas do Meu Diploma do Ensino Médio do Encceja os entregadores hoje fazendo essa prova significa 2% de todos que fazem a prova. Pretendemos ter políticas corporativas para que empreendedores que não tenham ensino médio possam fazer essas provas e daí começa de fato mexer na educação do país e melhorar as questões das desigualdades do país. Estar a frente de algo assim é muito importante é muito prazeroso tem desafios enormes mais é um desafio que se pessoas como nós que viveram história de transformação não estiverem prontas para encarar a gente de fato não consegue melhorar a sociedade. 

iFood Acredita em Salvador deu tão certo que será lançado em janeiro 2024 em São Paulo. 

O projeto promete crescer e alavancar muitos negócios de empreendedores negros, é o marco de uma nova era.

TAGS:
AUTOR:
Camila Fernandes